Perdi
a conta de quantas vezes sem sono me tranquei no banheiro só para ficar ouvindo
os sons da noite. Tudo mais aguçado. Eram caminhões e suas cargas que graças
aos buracos da rua tinham o tom mais alto, as motos com suas passadas de
marchas mais constantes, o vento que se encontrava com as arvores mais parecia
chocalhos, ônibus e seus freios pressionando o ar, sirenes que gritavam sem
elegância alguma, uma música que passou tão rápido que nem deixou pistas se
quer de quem seria o artista. Ora sons mecânicos, ora sons de uma natureza
muitas vezes desconhecida. Cada qual no seu tempo separadamente. Muitas vezes o
silêncio era o som presente.
Os olhos, não cansados, estavam como quem estivesse olhando pra dentro buscando
sons das lembranças de outrora, poucas vezes olhavam adiante.
E assim ia guardando tudo dentro da cabeça como em gavetas. Do som mais perto
ao som do cachorro que latia desconfiado ao longe, bem longe. - Seriam esses os
sons da cidade grande?
Horas depois novos sons foram chegando, se misturando, mais carros, mais ônibus
e desta vez também pessoas, pessoas e suas palavras. Ai foi que destoou,
desafinou e embaralhou tudo. Já não era mais noite e o Sol já estava lá fora
desejando bom dia, os olhos quiseram fechar mais obedeceram a rotina, vamos pra
labuta.
Por: Crônica Mendes
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